Doenças graves do intestino exigem tratamento de alta complexidade

Um dos trabalhos de destaque que a equipe de Suporte Nutricional do Hospital Pequeno Príncipe vem desenvolvendo é a reabilitação intestinal, voltada às crianças que, por algum motivo, perderam uma parte significativa do intestino delgado. Essa perda faz com que a criança não consiga absorver os nutrientes necessários para crescer e desenvolver-se de forma adequada. O trabalho de reabilitação intestinal busca garantir, via alimentação intravenosa, a suplementação nutricional necessária para o crescimento e a saúde da criança.

Um bebê saudável tem aproximadamente 240 centímetros de intestino delgado. É nessa parte do corpo humano que os macronutrientes e micronutrientes são absorvidos. A falência intestinal pode ocorrer devido a doenças congênitas, síndrome da pseudo-obstrução intestinal ou síndrome do intestino curto (SIC). A grande maioria das crianças que necessitam de reabilitação intestinal sofre de SIC, provocada por perda significativa da superfície absortiva dos nutrientes em razão de grandes ressecções intestinais (cirurgias para retirada do intestino) causadas por necrose ou malformações do tubo digestivo. Dessa forma, o órgão, que é bastante longo, acaba ficando encurtado. A criança que necessite de nutrição parenteral (via endovenosa) por mais de 60 dias após a cirurgia de retirada de parte do intestino delgado, ou que ficou com menos de 25% do segmento intestinal, é considerada portadora de síndrome do intestino curto. A redução da função intestinal inferior ao mínimo necessário para a absorção de nutrientes faz com que a suplementação nutricional intravenosa (nutrição parenteral) seja necessária para manter a saúde e o crescimento.

A pediatra e especialista em gastroenterologia e nutrologia pediátria Jocemara Gurmini, que coordena o atendimento no Hospital Pequeno Príncipe, informa que a reabilitação intestinal busca estimular a parte do intestino preservada e garantir o crescimento da criança. “O intestino não se regenera, mas se adapta. E à medida que a criança cresce, o intestino apresenta um crescimento proporcional. Com o trabalho de reabilitação, buscamos estimular esta parte preservada, calculando a quantidade adequada de alimentação parenteral que cada criança necessita”, explica.

Outro grande objetivo do trabalho é garantir a segurança do paciente no cuidado com o cateter pelo qual a alimentação intravenosa é inserida, pois o correto manuseio e a higiene evitam infecções.

Como os pacientes ficam por muitos meses – e às vezes até anos – alimentando-se dessa forma, também é fundamental preservar os acessos venosos.

Por fim, outro grande desafio do atendimento é calcular adequadamente a alimentação intravenosa, evitando danos secundários aos pacientes, especialmente àqueles que fazem uso prolongado desse tipo de alimentação.

Pequenos guerreiros

A maior parte dos pacientes atendidos no Pequeno Príncipe apresenta algum problema ao nascer e perde parte do intestino delgado logo no início da vida. Normalmente ficam internados na UTI Neonatal, onde já iniciam o tratamento com o Suporte Nutricional.

O Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não estabeleceu normas para o atendimento desses pacientes em casa (homecare), mesmo depois de estabilizados, o que faz com que esses bebês permaneçam por longos períodos hospitalizados.

“O tempo médio de reabilitação do intestino varia de 24 a 60 meses. A continuidade do tratamento em casa, com supervisão de equipe especializada, consultas mensais para os adequados controles e suporte hospitalar mediante qualquer necessidade que o paciente apresente, assegura qualidade de vida para a criança e sua família”, defende Jocemara.

 

Fonte: https://bit.ly/3UqoKDD

Acessado em 24 de outrubro de 2024

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